A indústria recicladora é a última etapa da cadeia produtividade reciclagem. Após a triagem na Cooperativa, o material reciclável terá algumas propriedades alteradas para que novas matérias-primas estejam disponíveis para uso. Assim, mantemos vivo o ciclo produtivo daquele produto que foi transformado
Plásticos, papéis, metais e vidros: cada tipo de resíduo é processado em uma indústria específica. E os aparistas e sucateiros (também conhecidos como Mercado Atacadista de Recicláveis) são pessoas e empresas que coletam os resíduos separados nas Cooperativas, fazendo o encaminhamento dos materiais para as indústrias corretas.
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Apesar de ser fundamental para a sustentabilidade urbana, esse fluxo de retorno dos resíduos ao ciclo produtivo ainda é muito marcado por uma lacuna de informações e dados precisos. Principalmente a nível nacional ainda faltam informações consolidadas sobre as taxas de reciclagem do país. De acordo com o Diagnóstico de Resíduos Sólidos de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, recuperamos apenas em torno de 7% de todos os recicláveis que poderiam ser aproveitados nos nossos domicílios.
Mas o próprio Diagnóstico de Resíduos Sólidos de 2018 frisa que “é necessário considerar as dificuldades de mensurá-las (a quantidade de materiais recicláveis recuperados) por questões operacionais, de infraestrutura ou de gestão (...). Existem situações em que o município é indagado pelo SNIS sobre a ausência ou inconsistência de dados sobre recuperação de materiais. Assim, percebe-se a existência de problemas que comprometem uma consolidação mais precisa das quantidades recuperadas, seja pela falta de registros sistemáticos ou pela dificuldade de articulação com outros setores da prefeitura ou com as próprias associações de catadores.”
Exatamente por isso, ainda é difícil saber quanto reciclamos no Brasil e, mais ainda, quanto reciclamos de cada material. Os dados do SINIS não revelam, por exemplo, a taxa de reciclagem e recuperação de cada tipo de material comparada ao descartado.
Ainda assim, sabemos que algumas indústrias brasileiras se destacam mundialmente, como é o caso das latas de alumínio, e outras têm informações controversas e difusas sobre as taxas de reciclagem dos seus produtos.
As latinhas de alumínio
O Brasil é conhecido como o maior reciclador de latas de alumínio do mundo: segundo dados da Associação Brasileira do Alumínio, a nossa taxa de reciclagem em 2016 foi de 97,9%. Isso significa que, em números exatos, das 330,9 mil t de latas que foram colocadas no mercado no período, 295,8 mil t foram recicladas.Segundo informações da ABAL, uma latinha de alumínio demora 60 dias para fechar seu ciclo, do descarte até a produção de uma nova.
No Brasil, esse processo de transformação da latinha acontece, em grande parte, em Pindamonhangaba ( São Paulo), na Fábrica da Novelis. A Novelis é a maior recicladora e transformadora de lata de alumínio do mundo. Segundo a empresa, o processo de reciclagem consome apenas 5% de energia elétrica e reduz em 94,5% as emissões de gases de efeito estufa se comparado ao processo com alumínio primário.
Os plásticos
A ABIPLAST é a Associação Brasileira da Indústria do Plástico e pode ser considerada a organização referência quando falamos sobre a indústria de transformação e reciclagem do plástico. Anualmente eles publicam um relatório bem interessante com informações sobre o setor, como quantidades de indústrias no Brasil, as resinas plásticas mais consumidas, as aplicações do plástico e a taxa de reciclagem no Brasil. Vale a pena dar uma conferida nas informações.
O último relatório da ABIPLAST informou que o Brasil reciclou em torno de 22,1% do plástico pós-consumo produzido em 2018. Esse percentual foi obtido considerando-se um descarte de 3,4 milhões toneladas de resíduos plásticos, e uma geração de aproximadamente 757,6 mil toneladas de resinas recicladas.
Entretanto, o relatório não deixa claro quais dados foram utilizados para se chegar a 3,4 milhões de toneladas de plásticos descartados pós consumo.
Por outro lado, os dados do banco de dados relatório What a Waste contrapõem os dados da ABIPLAST e estimam que apenas 1,28% do lixo plástico gerado no Brasil é reciclado.
Além da importância da reciclagem para o Meio Ambiente, a reciclagem e toda sua cadeia produtiva também são uma importante atividade econômica. segundo dados do IPEA, no Brasil, movimentamos cerca de 12 bilhões de reais por ano com a indústria da reciclagem, mas perdemos 8 milhões ao não reciclar outros potenciais recicláveis, que são encaminhados para lixões e aterros.
Além disso, como já falamos aqui algumas vezes, a cadeia da reciclagem é bastante marcada pela informalidade no Brasil, o que dificulta a consolidação de dados oficiais.
Precisamos aumentar políticas de incentivo e movimentação econômica na Indústria Recicladora, com fortalecimento e expansão das ações de impacto real, potencializando o processamento de outros materiais, como óleos e orgânicos.
Fonte: para produzir esse conteúdo, usamos como base a pesquisa desenvolvida pela Adma Viana Santos, em seu trabalho intitulado "A Cadeira Produtiva da Reciclagem Sob a Ótica da Governança Territorial e das Políticas Públicas: Estudo de Caso nos Município de Vitoria da Conquista/BA, Piracicaba/SP e Anápolis/GO"
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